Prostituição de menores! E você está feliz?!

Era uma vez... Uma menina de cabelo escuro e embaraçado, uma estatura que não passara de 1,50m, suas vestias encardidas cobriam pouca parte do seu corpo desengonçado, deixando visível o desenho de um corpo em desenvolvimento, sem seios, nem curvas... Sua pele com tantas marcas, feridas e manchas já ficara sem cor.  A sua face forçara expressões atraentes forjando “ser mulher”, mas seu olhar inquieto revelava medo, desespero e muito sofrimento.

Com sua colega de corpo formoso, atrativo e seminu, desfilavam na beira de uma estrada com passos extravagantes de uma postura desequilibrada e alarmante, causando atenções e promovendo olhares. Junto delas um rapaz com aparência penosa, fazia o trabalho de “feirante” em seu papel; alvoroços e “algazarras” para atrair a freguesia, enquanto o seu “produto” continuara a desfilar ajudando-o a conseguir clientes, assim como em uma feira, demonstravam o produto de várias maneiras, sua estratégia de “marketing” era bem elaborada. A idéia era transmitir ao seu publico que em suas mãos tinha algo irresistível,ele apalpava, apertava e dava tapinhas em locais estratégicos daqueles corpos de menina. Em dia de movimento fraco usava outra artimanha, obrigava o produto a vender-se sozinho de qualquer jeito, as meninas por sua vez, em desespero de ficar sem o vício, apelavam; mostravam suas intimidades, para de qualquer jeito fechar a venda do dia.

O rapaz era ótimo negociador, isso ninguém podia negar preço para ele não era problema, começara em torno de R$20,00 e acabara muitas vezes fechando negócio por R$5,00, esse era o valor limite, menos que isso só em época de crise!  Para isso “trabalhavam” muito, elas literalmente “trabalhavam duro”, o horário de expediente era muito variado e quem mantinha o controle era sempre a “abstinência”. Assim eles fazem todos os dias, ou enquanto tiver um estoque da “droga maldita”.

Assim... A menina que com seus supostos 13 anos, sua colega de no máximo 16 e o rapaz, que talvez nem lembre mais a sua própria idade, continuam na estrada. E “morreram” “infelizes”, e que Deus ajude, que não seja para sempre!

Esta não é uma história de ficção, muito menos de conto de fadas é a vida real traduzida em palavras. Não é um tema desconhecido e bem pelo contrário é infelizmente considerado como “comum”, essa historia faz parte da nossa realidade!

Inúmeras vezes já li em jornais, revistas e assisti a muitas reportagens sobre a prostituição de crianças e adolescentes, mas hoje em especial eu realmente vi! Então para traduzir minha tristeza resolvi criar esta história, meu objetivo não é polemizar, pois infelizmente sei que isso não resolve, o princípio destes fatos varia muito a cada caso, optei por não revelar nomes e nem lugares isso a meu ver seria denunciar e também não iria resolver, no máximo iria dar audiência a algum meio de comunicação. Meu apelo aqui é que pensem, reflitam! Certamente (ou não) você não vivencie esta triste pagina da vida e para muitos este é um fato sem importância, eu mesma vou esquecer-me disso amanhã, pois é assim que nos “gente” fazemos, ficamos revoltados, tristes, apavorados e só no máximo alguns ainda conseguem sentir pena. Mas reconheço que existem alguns “humanos”, que da maneira que podem fazem alguma coisa bem melhor do contar uma história!

Ponham-se no lugar dessas criaturinhas, meninas voltem aos seus 13 anos... Era bom não era?! Sonhava? Recebia carinho? Tinha uma família bem estruturada? Faziam festa de pijama com as amigas? Saiam para comprar aquela “blusinha” com a sua mãe? Seu pai lhe buscava na escola?

A menina da história que contei, provavelmente não sabe do que estamos falando... E os meninos, acredito, que todos sempre souberam a própria idade. Lembram do futebol de rua com os amigos? E as madrugas no vídeo-game? Quantas vezes já pescaram com o seu Pai? Quantas vezes sua mãe implorou para você ir ao banho?

O rapaz da história, bom nem preciso falar... Sei que não vou mudar o mundo apenas por escrever estas (muitas) palavras, mas desejo um dia conseguir fazer uma pessoa, apenas uma a refletir e descobrir o quanto é feliz com sua vida, mesmo que ela tenha dificuldade que não é raridade na vida de nenhum de nós, quando conseguirmos a olhar mais para baixo do que para o alto vamos perceber que a nossa vida é a mais bela de todas!

Vanessa Lopes